O nome desse
monstrinho é pulga-do-mar. O parasita, um crustáceo isópode, se acomoda
na base da língua do peixe Luciano (Lutjanus guttatus), devorando-a
inteira e literalmente tomando seu lugar. (Agora você imagina ter um
troço nojento desses, com cabeça, garras e tudo como língua e esse é o
roteiro do mais assustador filme de terror da história).
Não sei por que
a natureza foi tão cruel com Luciano. A pulga entra na boca do peixe
através de suas brânquias. Então, começa a extrair seu sangue cortando a
língua do animal através de seus três pares de pernas com garras
fronteiras.
Conforme o
parasita cresce, menos sangue chega até a língua do peixe até que,
eventualmente, o órgão atrofia. Em seguida, a pulga substitui a língua
do peixe, anexando o seu próprio corpo aos músculos do topo da língua
(em muitos casos, 90% da língua do peixe deixam de existir, com o
crustáceo em seu lugar).
O peixe é capaz
de utilizar o parasita como uma língua normal (exceto pelo fato de que é
tudo, menos normal). Estudos mostram que não há indicação de redução do
poder de alimentação ou de respiração no animal. Esse é o primeiro caso
conhecido (em animais) de substituição funcional de uma estrutura do
hospedeiro por um parasita.
Exceto virar
sua língua, aparentemente a pulga-do-mar não causa qualquer outro dano
ao peixe hospedeiro. Também, pudera… O parasita faz parte da família
Cymothoidae. Várias espécies desta família também são isópodes
parasitas, que provavelmente não causam altas taxas de mortalidade nas
centenas de peixes marinhos e de água doce que parasitam.